Quando tudo era mato, lá pela década de 1990 e começo dos anos 2000, os videogames tornaram-se um meio de entretenimento cada vez mais popular nas casas de família.
Apesar do sucesso, é fato que nunca foi tão fácil assim ter um console, já que os preços estão sempre altos demais para a nossa realidade — então muitos recorriam à casa dos amigos ou às saudosas locadoras para se divertir.
O tempo passou e os videogames foram se tornando cada vez mais acessíveis, com a popularização dos computadores sendo um dos maiores vetores para essa democratização. A questão é que a gente já evoluiu tanto, que alguns finalmente chegaram ao topo da pirâmide com a “Síndrome do PC Gamer”.
Síndrome do PC Gamer é um assunto bastante debatido na comunidade gamer atualmente.Fonte: Vidiq
O que é a “Síndrome do PC Gamer”?
Embora não seja uma condição médica reconhecida, a Síndrome do PC Gamer é um termo que descreve um conjunto de comportamentos e hábitos associados aos jogadores. O termo, que vem ganhando força na internet, refere-se a várias características comuns entre alguns entusiastas do nicho.
Entre elas, está a tendência a acumular inúmeros jogos que, em outro momento, tornaram-se objetos de desejo, mas nunca efetivamente jogá-los. Comumente, essa sensação aparece quando o jogador finalmente conclui, por exemplo, o projeto de um computador mais potente — capaz de rodar aquele jogo AAA do ano. E, claro, o mesmo vale para os tão sonhados consoles.
A Síndrome do PC Gamer, basicamente, envolve ter bibliotecas com centenas de jogos na Steam e Epic Games Store, por exemplo, além de montar um computador potente. No entanto, o jogador fica tão preocupado com a performance da máquina que esquece do mais importante: jogar.
A “Síndrome do PC Gamer” é diferente do “Transtorno do Jogo”, considerado pela Organização Mundial da Saúde em maio de 2019 como uma doença. Na época, a OMS afirmou que essa era uma condição específica caracterizada por “comportamento de jogo persistente ou recorrente” que causa um “prejuízo significativo nos aspectos pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento”.
Síndrome do PC Gamer é diferente do “Transtorno do Jogo”, considerado pela Organização Mundial da Saúde em maio de 2019 como uma doença.Fonte: OMS
Conforme explicado, a Síndrome do PC Gamer é exatamente o oposto do Transtorno do Jogo! Por mais estranho que pareça, o problema tem sido cada vez mais relatado entre usuários nas redes sociais, que se tornam desanimados na hora de explorar novos títulos e recorrem a jogos familiares ou competitivos para ocupar o tempo. Nesse ponto, há explicações apoiadas pela ciência, conforme veremos a seguir!
A ânsia de ter e o tédio de possuir
Já dizia uma frase muito famosa do filósofo alemão Arthur Schopenhauer: “a vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”. Os jogadores assolados pela Síndrome do PC Gamer frequentemente investem tempo e recursos consideráveis em construir e otimizar seus computadores para obter a melhor experiência de jogo possível — muitas vezes até se endividando no processo.
Depois que a pessoa torna-se capaz de jogar de tudo com o tão sonhado PC Gamer, acaba usando a máquina para fazer coisas básicas que um modelo bem mais simples faria tranquilamente, justamente porque não tem mais vontade de jogar. Em muitos casos, essas pessoas também costumam vagar de jogo em jogo aleatoriamente — mas, no fim das contas, não permanece em nenhum deles.
Quem não gostaria de ter um setup gamer assim, não é mesmo?Fonte: Fezibo
Não há um diagnóstico específico para esse fenômeno, mas em casos mais graves, a falta de vontade de jogar pode ter alguma ligação com de abulia. O termo pode ser definido como um estado extremo de apatia em que não existe motivação suficiente para uma pessoa exercer qualquer tipo de atividade ou tomar uma decisão.
Outro fator que pode explicar a Síndrome do PC Gamer de alguma forma é a quantidade exorbitante de estímulos dopaminérgicos que as pessoas recebem atualmente — principalmente por conta das redes sociais.
Síndrome do PC Gamer ainda não foi abordada cientificamente
Segundo o Dr. Drauzio Varela, diversos estudos demonstraram que a dopamina é um neurotransmissor sensível aos estímulos das mídias digitais. Quando consumimos redes sociais como YouTube, TikTok ou Instagram, por exemplo, ocorre liberação de dopamina nos centros de recompensa, os “mesmos ativados pela cocaína, maconha e o cafezinho”.
“Síndrome do PC Gamer” ainda não foi abordada cientificamente.Fonte: Vecteezy
A questão é que quanto mais estímulos você recebe, menos eles farão sentido para você algum tempo depois — já que o fator “novidade” simplesmente não existe mais. É nesse processo contínuo que as coisas simples da vida vão perdendo o “valor”.
Em suma, não há um estudo que aborde especificamente os sintomas da Síndrome do PC Gamer — portanto, não é algo cientificamente estabelecido, mas sim um conjunto de comportamentos que muitos jogadores, tanto de PC quanto de consoles, podem apresentar.
Como fugir da “Síndrome do PC Gamer”?
Considerando que uma das causas da Síndrome do PC Gamer é o tempo que a pessoa perde indo de jogo em jogo procurando por prazer, existem algumas coisas que você pode fazer para lidar com isso. Uma delas é montar uma lista de pendências com os melhores jogos já lançados até hoje, principalmente aqueles títulos atemporais que façam sentido para você de alguma forma.
Ao invés de gastar por impulso com aqueles games novos que têm aos montes na Steam ou na Epic Games, tente apostar nos clássicos com uma boa história ou um gameplay que prenda a sua atenção do início ao fim.
Além do gameplay acessível, Elden Ring é um bom exemplo de universo imersivo que pode prender a sua atenção.Fonte: Steam
Stray, Dark Souls, Elden Ring, God of War (2018), Days Gone, toda a franquia GTA, toda a franquia Resident Evil, enfim. Tem muito jogo bacana para se explorar por aí — e tentar aproveitar essas grandes histórias vão te manter entretido de alguma forma.
Se atualmente você está em processo para adquirir um PC novo, outra dica valiosa é aproveitar ao máximo o seu computador atual sem ficar pensando muito na sua próxima máquina — afinal, não é o hardware que definirá sua diversão!