Após orbitar a Terra mais de 31 mil vezes, durante 34 anos, é natural que o Telescópio Espacial Hubble comece a sentir “o peso da idade”. No dia 24 de maio, o poderoso dispositivo parou repentinamente de fazer observações científicas, e entrou no modo de segurança especial, após detectar leituras estranhas de um de seus giroscópios.
Em um comunicado à imprensa, a NASA informou que o hardware com mau funcionamento não poderá ser consertado, o que deixará o Hubble com apenas dois giroscópios, uma vez que estava há algum tempo operando com apenas três de um total de seis existentes. Com isso, a agência decidiu colocar o telescópio no modo de um giroscópio, poupando o outro saudável como reserva para uso futuro.
Giroscópios são importantes para o funcionamento do Hubble, pois medem as taxas de variação de seus três eixos (rolamento, inclinação e guinada). Além disso, esses instrumentos permitem que a equipe da missão possa apontar da Terra para o alvo cósmico a ser explorado.
As trocas de giroscópios do Telescópio Hubble
Especialista da Missão MS4 substitui giroscópio em maio de 2009.Fonte: NASA
Além dessa “cirurgia de catarata” na órbita baixa da Terra, o Hubble já recebeu um total de 22 dispositivos, dos quais nove já sofreram falhas. Em funcionamento normal, três giroscópio apontam para o espaço, enquanto os três restantes ficam como backup. Mas, antes da falha, o Hubble estava operando com dois giroscópios funcionais e um de reserva.
Usar dois giroscópios praticamente não altera a forma de operar do Hubble, pois outros sensores a bordo conseguem substituir os atributos doequipamento faltante. No entanto, a operação monogiro trará algumas limitações.
Primeiramente, “o observatório precisará de mais tempo para se concentrar em um alvo científico e não terá tanta flexibilidade quanto ao local onde poderá observar em um determinado momento” explica a NASA. Também não será mais possível o rastreamento de objetos em movimento mais próximos de nós do que Marte.
O que acontecerá com o telescópio Hubble daqui em diante?
Em meados da década de 2030, o Hubble começará a cair. Fonte: Getty Images
Finalmente, uma esperada redução no tempo de mudar de uma meta científica para outra poderá atrasar o agendamento das operações em até 12%, afirmou em uma teleconferência o gerente de projeto do Hubble, Patrick Crouse, do Goddard Space Flight Center da NASA.
Negando informações de que o icônico telescópio espacial esteja em seus últimos estágios de existência, o engenheiro aeroespacial afirmou que, após avaliar a confiabilidade dos giroscópios, sua equipe concluiu que “há uma probabilidade superior a 70% de operar pelo menos um giroscópio até 2035”.
É lógico que, como acontece com todos os grandes heróis da ciência, também o Telescópio Hubble chegará ao fim de sua carreira, com ou sem giroscópios, em meados da década de 2030. Esse é o início da janela para que o efeito do arrasto (fricção com a atmosfera) aumente e conduza o observatório a um processo natural de incineração.
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