O que acontece com Arthur Fleck? Entenda o polêmico final de Coringa Delírio a Dois

Coringa: Delírio a Dois é a esperada sequência do filme de 2019, que causou verdadeira sensação na época, além de dar o Oscar de melhor ator a Joaquin Phoenix. O longa de Todd Philips imagina uma história sombria para o Coringa, um dos grandes inimigos do Batman.

Agora, no novo filme, também dirigido por Philips, o protagonista volta a ser analisado em suas questões de saúde mental, mas agora ele encontra uma companhia. O longa se inicia alguns meses depois dos atos que encerraram o primeiro longa. Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) está então à espera pelo tribunal que julgará seus crimes, e passa seus dias no hospital psiquiátrico de Arkham.

É lá que ele acaba conhecendo Harleen “Lee” Quinzel (papel de Lady Gaga), uma admiradora do Coringa. Logo eles engatam um relacionamento que é simultaneamente romântico e doentio, mergulhando em uma aventura tresloucada no submundo de Gotham City.

O fim de Coringa: Delírio a Dois está levantando muitas discussões nas redes. A seguir, confira uma análise sobre os possíveis sentidos do final polêmico. Mas atenção: a partir daqui, este texto tem spoilers.

Qual a história de Coringa: Delírio a Dois?

Harleen “Lee” Quinzel e Arthur Fleck: romance doentio. (Fonte: IMDB / Reprodução)Fonte:  IMDB 

Em Coringa: Delírio a Dois, Arthur Fleck está esperando o seu julgamento. Sua advogada, vivida pela atriz Catherine Keener, sustenta o argumento de que Arthur e o Coringa são duas pessoas diferentes, e que essa cisão em sua personalidade foi gerada pelos anos de abuso que o sujeito sofreu. A acusação, por outro lado, é liderada pelo promotor Harvey Dent (papel de Harry Lawtey).

O júri acaba se convencendo do argumento da promotoria e condena Arthur Fleck pelo crime de assassinato. Contudo, antes que o julgamento se encerre, uma bomba explode do lado de fora do tribunal, fazendo com que Arthur escape rapidamente com a ajuda de comparsas. Mas logo ele é capturado pela polícia e levado de volta ao Arkham. Ao mesmo tempo. Harvey Dent se fere gravemente no rosto durante a explosão (mais tarde ele se torna o vilão Duas Caras).

O filme se encerra de forma apavorante: Arthur é emboscado por um paciente (Connor Storrie) claramente louco de Arkham, e que o esfaqueia várias vezes no estômago. Arthur cai sangrando profusamente, e tudo indica que ele está prestes a morrer. O paciente anônimo ri profusamente e então esculpe um sorriso em seu rosto com uma faca.

Possíveis significados sobre o fim de Coringa: Delírio a Dois

Coringa: Delírio a Dois pode fazer referências aos filmes da franquia Batman. (Fonte: IMDB / Reprodução)Coringa: Delírio a Dois pode fazer referências aos filmes da franquia Batman. (Fonte: IMDB / Reprodução)Fonte:  IMDB 

Obviamente, a narrativa de Coringa: Delírio a Dois já suscitou várias análises dos fãs do universo do Coringa, que já se tornou uma franquia. Os fãs da DC, por exemplo, teorizaram que o suposto assassino de Arthur poderia estar homenageando o Coringa de Heath Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevaspor causa das cicatrizes ao redor da boca.

Ocorre ainda que, em Batman: O Cavaleiro das Trevas, a história do Coringa de Ledger é, acima de tudo, um enigma. Um dos elementos do personagem neste filme é que ele profere relatos diferentes sobre as suas cicatrizes faciais: em certo momento, fala que foi o seu pai bêbado que o cortou quando ainda era criança, e depois fala que as cicatrizes infligidas por ele mesmo depois que sua esposa recebeu um “sorriso” por sua dívida de jogo.

O fim de Coringa: Delírio a Dois deixa claro que Arthur não deve voltar a aterrorizar Gotham no futuro e, de alguma forma, o humaniza definitivamente: ele é muito mais um homem solitário do que um herói ou vilão. Mas sua morte ocorre de duas formas: tanto literalmente, quanto no momento em que ele enfim confessa que nunca houve Coringa, e foi Arthur que cometeu todos os crimes.

A cena final, deste modo, traz uma grande revelação: de que o jovem interno anônimo que o mata e abre um sorriso no rosto seria o próprio Coringa, e que ele simplesmente se inspirou nos atos de Arthur Fleck. Quando questionado sobre algumas decisões do roteiro (como fazer Arthur confessar seus crimes perante o júri), o diretor Todd Philips declarou: “ele percebeu que tudo é tão corrupto, que nunca vai mudar, e a única maneira de consertar é queimar tudo. Quando aqueles guardas matam aquele garoto no hospital, ele percebe que se maquiar, colocar essa coisa, não muda nada”.

Ele ainda acrescenta: “De certa forma, ele aceitou o fato de que sempre foi Arthur Fleck; ele nunca foi essa coisa que foi colocada nele, essa ideia que as pessoas de Gotham colocaram nele, que ele representa. Ele é um ícone involuntário. Essa coisa foi colocada nele, e ele não quer mais viver como uma farsa — ele quer ser quem ele é”, finaliza.

Todd Philips ainda falou à Entertainment Weekly que o filme é triste porque “ninguém se importa com Arthur” – nem mesmo Harleen “Lee” Quinzel, que supostamente o amava, mas o abandona depois que ele diz que não foi o Coringa quem cometeu assassinato. Na entrevista, Phillips também confirmou que, embora ostente uma qualidade onírica, a troca final entre Lee e Arthur está “realmente, realmente acontecendo” e não é uma interação totalmente imaginada, como foi o romance falso de Arthur com Sophie (Zazie Beetz) no filme anterior.

As referências presentes em Coringa: Delírio a Dois

Lady Gaga e Joaquin Phoenix: química funciona bem entre os astros. (Fonte: IMDB / Reprodução)Lady Gaga e Joaquin Phoenix: química funciona bem entre os astros. (Fonte: IMDB / Reprodução)Fonte:  IMDB 

Outro aspecto interessante do filme é que há covers (sim, é um musical!) performados por Joaquin Phoenix e Lady Gaga, tornando tudo mais perturbador. Chama a atenção o uso repetido da canção “That’s Entertainment”, composta em 1952 por Arthur Schwartz e Howard Dietz para a trilha do filme musical The Band Wagon, com Fred Astaire e Cyd Charisse.

Uma referência curiosa exposta presente no filme diz respeito às animações musicais divertidas e violentas da série Looney Tunes, produzidas nos anos 1930. Assim, o longa de Todd Philips acaba reunindo várias homenagens, inclusive ao próprio gênero musical e o escapismo que ele pode proporcionar.

Os atores ainda cantam versões de For Once in My Life, de Stevie Wonder, Bewitched e uma versão em inglês da famosa canção francesa Ne Me Quitte Pas. Ou seja: para além da história sombria, Coringa: Delírio a Dois pode agradar também os cinéfilos mais dedicados aos filmes clássicos.

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