Que fim levou a Nextel, operadora de celular que parecia um walkie talkie?

Dona de um conhecido toque de telefone, a Nextel sumiu do mapa do mercado brasileiro sem deixar vestígios além de seus curiosos comerciais disponíveis no YouTube. A empresa pereceu frente ao surgimento de tecnologias mais eficientes e práticas para comunicação em tempo real.

Fundada em 1987 por Morgan Edward O’Brien e Brian McAuley, mas sob o nome FleetCall, a Nextel apostava em uma abordagem diferente para telefonia móvel: comunicação por rádio móvel especializado (SMR, na sigla em inglês), um protocolo de comunicação desenvolvido pela Motorola. A tecnologia permitia falar com outras pessoas em tempo real, mas no sistema push-to-talk (“Apertar para falar”, em tradução livre), tal como um walkie-talkie.

Em 1993, a empresa mudou de nome, e enfim se tornou Nextel Communications. O título surge da aglutinação entre as palavras “Next” (“Próximo”, em inglês) e “Tel” (abreviação de “Telephone”). Naquele ano, a empresa expandiu sua atuação para 50 estados dos Estados Unidos graças a fusão com a OneComm e, em seguida, marcou presença em 24 estados do Canadá, resultado da colaboração com a Clearnet Communications.

Então, em 1996, a empresa adquiriu os direitos de uso do iDEN (Integrated Digital Enhanced Network), outro protocolo de comunicação via rádio da Motorola. A solução abria caminho para rádio digital, telefonia móvel e transmissão de dados em uma mesma rede, servindo de estrutura para o Conexão Direta Nextel.

Foi só em 1997 que a Nextel chegou ao Brasil através da NII Holdings, sua unidade internacional, primeiro em São Paulo e depois no Rio de Janeiro. Naquele mesmo ano, a empresa expandiu sua atuação para mais países da América Latina, tais como Argentina, Peru e México.

No processo, a marca registrou cerca de 2 milhões de assinantes em todo o mundo.

Nextel adota 3G/4G e registra prejuízo

Em 2010, a Nextel recebeu a capacidade de ofertar Serviço Móvel Pessoal em todo o território brasileiro, graças a aquisição de concessões da última faixa de frequência de 3G no Brasil. Contudo, os planos 3G para uso pessoal só foram ser comercializados no final de 2012.

Daí, em 2014, a empresa evoluiu a cobertura para 4G — primeiro, no Rio de Janeiro.

O balanço das contas da Nextel foi prejudicado nos anos seguintes, porém. Em 2015, 2016, 2017 e 2018, a empresa registrou prejuízos operacionais significativos.

Fim do iDEN

Nesse meio tempo, a tecnologia de comunicação iDEN foi descontinuada. A rede deixou de funcionar a partir de março de 2018.

Ainda que a protocolo tenha colocado a Nextel em posição de destaque no mercado, o serviço perdeu tração. “O surgimento de novas tecnologias fez com que o serviço perdesse a atratividade perante os usuários e os provedores de insumos”, anunciou a empresa.

Isso preparou o terreno para que a empresa fosse adquirida por outra — e foi o que aconteceu em 2019. A América Móvil, grupo mexicano controlador da operadora Claro no Brasil, comprou a Nextel por US$ 905 milhões (na época, o equivalente a R$ 3,47 bilhões).

Essa aquisição garantiu 100% de participação da América Móvil sobre a Nextel.

Nextel vira Claro NXT

Os desdobramentos da aquisição tomaram forma em 2019, quando a marca Nextel se transformou em Claro NXT. Segundo o site da empresa, a mudança de nome era para “mostrar que a Nextel e a Claro estão cada vez mais juntas, tornando-se uma marca só”.

A Nextel foi adquirida pela América Móvil em 2018 e, no ano seguinte, se transformou em Claro NXT. (Imagem: Nextel Brasil/LinkedIn)Fonte:  Nextel Brasil/LinkedIn 

A fusão também gerou mudanças na infraestrutura da empresa: os clientes da Nextel passaram a utilizar a rede da Claro para se comunicar. Naturalmente, os planos da Nextel pararam de ser oferecidos, sendo substituídos pelas alternativas Claro Controle — exceto o Nextel Happy, este trocado pelo Claro Flex.

A aquisição e a fusão garantiram à Claro fatia ainda maior de mercado, agora incorporando todos os clientes da antiga concorrente.

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