EyeToy: o inovador acessório do PS2 que caiu no esquecimento

A Realidade Virtual (VR) e os controles de movimento têm uma longa história de tentativas e experimentos. Quem não se lembra da primeira tentativa com a fatídica Power Glove da Mattel nos anos 80? Apesar de inovadora, a criação não vingou graças ao seu design horroroso e problemático. O verdadeiro boom dos controles de movimento só chegou anos mais tarde, com o Nintendo Wii e seu Wii Remote, mas foi com o Kinect da Microsoft, no Xbox 360, que essa tecnologia realmente ganhou lugar de destaque.

Ao longo das décadas, houve várias tentativas e ainda acompanhamos experiências com a realidade mista graças a empresas como a Apple, Meta e outras que estão apostando pesado no mercado de VR. No entanto, a Sony sabe disso muito bem, pois introduziu a realidade mista a milhões de jogadores há vinte anos com a câmera EyeToy para PlayStation 2.

O Voxel preparou um resumão da história e do legado deste pequeno e emblemático acessório que mudou por completo a história e a indústria dos videogames, confira!

Quando tudo isso era mato…

Richard Marks é atualmente o líder de VR da Sony, e não à toa já que foi o responsável por colocar a empresa nos trilhos da realidade virtual desde o fim dos anos 90.Fonte:  RoadToVR 

Antes mesmo do Nintendo Wii e do Kinect, a Sony já estava interessada na ideia de controles de movimento e trabalhava para isso. Richard Marks, da Sony Computer Entertainment America, iniciou sua pesquisa nessa área durante seu doutorado em Stanford em 1999, usando interfaces de vídeo para controlar sistemas robóticos em tempo real.

O conceito – de usar uma webcam para detectar movimento e criar interações em tempo real – usada por Marks chamou a atenção de Phil Harrison, então vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da Sony na Europa, que viu a ideia como uma oportunidade de explorar o periférico. Foi assim que surgiu o EyeToy, um acessório que prometia ser inovador e acessível para o PlayStation 2, mas acabou não alcançando sucesso global.

Primeiros protótipos e minigames

Surgiu o conceito de usar uma webcam para detectar movimentos e criar interações em tempo real.Surgiu o conceito de usar uma webcam para detectar movimentos e criar interações em tempo real.Fonte:  Gamespot 

Com a promoção de Phil Harrison para vice-presidente sênior, começou-se a discutir o projeto entre os desenvolvedores de Londres. A ideia era a seguinte: usar uma webcam para detectar movimentos e criar interações em tempo real. Simples, não é mesmo?

A equipe da Sony logo percebeu que a melhor maneira de explorar o potencial do periférico seria por meio de minijogos que usassem a movimentação do corpo como controle. E assim nasceu o EyeToy, um acessório inovador e acessível para o PlayStation 2, que prometia uma inovadora experiência de jogabilidade.

Desenvolvimento do EyeToy

O pequeno aparelho revolucionou tudo o que se sabe sobre captura de movimentos em jogos.O pequeno aparelho revolucionou tudo o que se sabe sobre captura de movimentos em jogos.Fonte:  Wikipedia 

Inicialmente, sua equipe planejava usá-lo para um jogo de Harry Potter, mas a ideia foi logo abandonada devido a um acordo de exclusividade da EA para desenvolver jogos da franquia. Em seguida, a London Studio passou a explorar outras ideias para o periférico, mantendo o foco em minigames e efeitos visuais como fogo e água para deixar a experiência empolgante e realista.

Cerca de oito a dez pessoas trabalharam nesse projeto, criando uma série de jogos para demonstrar o potencial do EyeToy. Entre as primeiras ideias estava um jogo de limpeza de janelas com música de George Formby (jogue esse nome no Google, ele tem uma música sobre justamente limpar janelas), que ficou famosa entre os desenvolvedores.

“Diga olá para o futuro!”

EyeToy lançado para PS2 com quatro minijogos inovadores.EyeToy lançado para PS2 com quatro minijogos inovadores.Fonte:  Wikipedia 

Após dois ou três anos de trabalho intenso e testes no desenvolvimento, o EyeToy foi finalmente apresentado ao público em um evento da PlayStation, o Xperia, em agosto de 2002, com uma demonstração de quatro minijogos. Os minijogos, como “Kung Fu”, “Trash” e “Bits Flip”, permitiam que os jogadores interagissem sem controles físicos, o que aí já foi de cair o queixo e deixar curiosos jornalistas e críticos de games.

Esses protótipos mostraram a facilidade de uso do periférico e como era possível criar experiências interativas sem controles físicos. Em outubro de 2003, o EyeToy e o jogo EyeToy: Play foram lançados na Europa, chegando na América do Norte em novembro do mesmo ano. O periférico, que se conectava via USB, era praticamente plug and play, sem exigir controles adicionais.

Do luxo ao lixo

EyeToy foi um grande sucesso europeu.EyeToy foi um grande sucesso europeu.Fonte:  VidaExtra 

Apesar do fracasso global, o EyeToy acabou fazendo certo sucesso, especialmente na Europa. Foram desenvolvidos 25 jogos para PlayStation 2 que exigiam o EyeToy para serem jogados. No final de 2003, o produto já havia vendido mais de 2 milhões de unidades, sendo 400 mil só nos Estados Unidos.

O EyeToy: Play, jogo que acompanhava o periférico, ficou no topo das vendas por oito semanas na Europa. Isso fez com que o título se tornasse um sucesso do PlayStation 2, superando jogos como Madden NFL 2003, Metal Gear Solid 3: Snake Eater e até mesmo Ratchet & Clank.

Infelizmente todo esse sucesso não se repetiu com as sequências EyeToy: Play 2 e EyeToy: Play 3. Nenhum dos título chegou perto do sucesso do original, o que acabou fazendo com que o acessório perdesse espaço no grande catálogo de jogos do PS2.

A última pá de terra no acessório ocorreu na troca de geração. A partir do lançamento do PlayStation 3 e a transição de muitos jogadores, o EyeToy saiu do mercado gradualmente, perdendo lugar para a PlayStation Eye, uma nova câmera feita para o console da Sony.

Um fim e um caminho sem volta

O EyeToy inspirou consoles e seus respectivos controles de movimento.O EyeToy inspirou consoles e seus respectivos controles de movimento.Fonte:  Gamespot 

Após deixar de ser novidade, o EyeToy acabou caindo no esquecimento com o tempo. O produto acabou garantindo um espaço na história dos games com cerca de 10 milhões de unidades vendidas. Ainda assim, o produto está longe de acompanhar o sucesso do PS2, que superou 160 milhões em vendas globalmente.

Mesmo sendo relativamente flopado quando comparado ao PS2, o sucesso deste pequenino aparelho inspirou outras empresas. Afinal, o EyeToy acabou mostrando que existe espaço para controles de movimento no mundo dos games.

Em 2006, três anos após o surgimento do EyeToy, a Nintendo lançou o Wii Remote, dando mais foco nessa experiência com movimentos ao jogar. O resultado? O Wii acabou se tornando um dos consoles mais vendidos da história, com mais de 100 milhões de unidades vendidas.

A Microsoft também apresentou o Kinect para Xbox 360, também evoluindo conceitos que já existiam no EyeToy. A tecnologia acabou fazendo sucesso no console, mas também contribuiu para a queda do Xbox One. Enquanto isso, a Sony continuou investindo na tecnologia de movimento nos consoles que vieram depois, como o PlayStation 3 e o PlayStation 4, o que eventualmente evoluiu para a linha PlayStation VR.

A Nintendo seguiu o experimento feito pela Sony e se tornou um sucesso com o Wii e seus jogos esportivos.A Nintendo seguiu o experimento feito pela Sony e se tornou um sucesso com o Wii e seus jogos esportivos.Fonte:  The Verge 

Jamie MacDonald, um dos principais desenvolvedores do EyeToy, já dizia que o projeto seria responsável por criar um novo gênero de jogo, abrindo caminho para futuras inovações em realidade virtual e controles de movimento mais sofisticados. Mesmo não sendo um sucesso global, o EyeToy acabou contribuindo para isso.

E aí, você já conhecia a história desse peculiar acessório do PS2? Aproveite para conferir nossos vídeos diários com listas e curiosidades sobre games em nossos canais no YouTube e TikTok.

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