Como a Selic afeta o dinheiro que você tem em bancos e fintechs

A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é uma das principais ferramentas para controle de juros no país. Ela é a taxa básica de juros da economia, influenciando várias taxas de juros do país — financiamentos, aplicações financeiras e cartão de crédito, por exemplo.

Sendo um dos valores mais importantes para economia do país, a taxa Selic é um importante instrumento do Banco Central (BC) para controlar a inflação no país.

Basicamente, quanto maior a Selic, maiores são os juros cobrados nas operações interbancárias — uma espécie de empréstimo entre bancos — e maior é o custo de captação dos bancos. Isso aumenta o preço de empréstimos, de juros de cartões de crédito e financiamentos, mas também interfere intimamente nos seus investimentos de renda fixa.

A taxa Selic é uma das ferramentas mais importantes para controle da inflação.Fonte:  GettyImages 

Como funciona a taxa Selic?

A Selic é determinada de duas formas: a Selic meta, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), e a Selic efetiva (também conhecida como Selic Over), que é a taxa realmente praticada nas operações entre bancos.

O Banco Central é responsável pela realização de operações de mercado de títulos públicos para manter a taxa Selic efetiva alinhada com a Selic meta.

A Selic meta é definida pelo Banco Central a cada 45 dias — a última reunião aconteceu em 18 de setembro de 2024. A próxima deliberação acontecerá nos dias 5 e 6 de novembro de 2024.

A cada reunião, o Copom pode aumentar, diminuir ou manter a taxa Selic, dependendo do andamento da economia. Quando é necessário aplicar um “freio” no consumo e reduzir a inflação, a taxa meta é elevada; quando é preciso estimular o consumo, a Selic é diminuída.

Os ajustes na Selic interferem no mercado de várias formas. Contudo, para o consumidor, a mudança mais evidente está nos juros de empréstimos, financiamentos ou em compras no cartão de crédito — quanto maior a Selic, maiores os juros.

Selic e a renda fixa

Os empréstimos interbancários acontecem em duas modalidades, explicou o especialista em investimentos e professor de finanças, Eduardo Tavares, ouvido pelo TecMundo. Em um deles, o banco devedor oferece títulos públicos como garantia de pagamento no dia seguinte; enquanto no outro ele emite Certificados de Depósito Interbancários (CDI) para compensação.

Os investimentos indexados ao CDI são favorecidos pelo aumento da taxa Selic.Os investimentos indexados ao CDI são favorecidos pelo aumento da taxa Selic.Fonte:  GettyImages 

“Você tem dois tipos de empréstimo interbancários: aquele que é lastreado em títulos públicos, e aquele que é lastreado no CDI”, pontuou Tavares. “Essas taxas [Selic e DI] são muito coladas, mas o DI acaba sendo um pouco menor”, complementou.

No mercado de investimentos, recai à instituição financeira decidir em qual taxa apoiar os rendimentos. Tavares contou que há bancos que preferem indexar investimentos à Selic e há aqueles que optem pelo CDI.

“Hoje, no mercado de investimentos, no mercado de CDBs, a imensa maioria é indexada ao CDI”, explicou o especialista.

Contudo, uma vez que o CDI está bem alinhada à Selic, a diferença não é tanta. “Se o BC sobe a Selic meta, a Selic efetiva reage e se movimenta em direção ao objetivo. Então, se a Selic efetiva sobe, o CDI vai acompanhá-la”, complementou Tavares.

E como o CDI interfere nos seus investimentos?

Atualmente, uma das modalidades de investimento mais populares em bancos modernos é o CDB (Certificados de Depósito Bancário). Várias fintechs oferecem produtos dessa categoria em uma variedade opções, como CDB de Liquidez Diária, em que o dinheiro pode ser sacado de imediato, quase como na poupança.

Se você possui investimentos em CDBs atrelados ao CDI, o aumento da taxa Selic meta é um bom indicador para rentabilidade de sua aplicação: a Selic Over vai aumentar, acompanhada também pela CDI — portanto, mais dinheiro.

Porém, se o Banco Central determina redução da taxa Selic meta, as instituições financeiras acompanharão a decisão, reduzindo a Selic efetiva e, por consequência, reduzindo o CDI. Isso reduz a rentabilidade de suas aplicações em renda fixa.

De forma geral, quando a Selic e a CDI estão altas, investimentos de renda fixa atrelados a elas se tornam mais interessantes, uma vez que tem potencial de oferecer boa rentabilidade e baixo risco. Porém, quando as taxas estão baixas, essas aplicações não são favoráveis, prevalecendo as aplicações de renda variável (ações, por exemplo).

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